Michel Foucaut foi, por vezes, influenciado por Nietzsche no que diz respeito à discussão sobre a vontade de verdade (busca pela verdade absoluta) e vontade de potência (vinculada ao poder). Foucaut relaciona o saber com o poder, descrevendo as instituições da sociedade moderna ou contemporânea e buscando onde elas exercem a coerção que chega a impedir a autonomia de pensar do indivíduo.
Foucaut cita Hobbes para descrever a sociedade governada apenas pelo poder do Estado. No entanto, a sociedade atual se apresenta constituída por diversas instituições de poder horizontal, como família, Igreja e trabalho. Tais divisões institucionais produzem tamanha influência no indivíduo que o "fabricam" e o torna diferente do outro. Cada instiuição pela qual um indivíduo passa, portanto, exerce poder sobre ele, fazendo com que interprete tal poder e desenvolva sua formação. Foucaut vai chamar esse poder das instituições de Poder Diciplinar, caracterizado por quatro vertentes, sendo elas: o tempo, o espaço, a vigilância constante e o conhecimento. A vigilância constante implica nas pessoas se manterem contidas e obedecendo às leis por se sentirem constantemente vigiadas, mesmo quando não estão sendo. A questão do conhecimento, por sua vez, seria o aperfeiçoamento do saber, ou seja, quanto mais um indivíduo sabe, mais ele se torna apto a saber. O conhecimento, assim, é otimizado. No entanto, Foucaut vê a sociedade atual não mais como uma Sociedade Diciplinar, e sim antecipando o conceito de Sociedade de Controle. Na Sociedade de Controle, o próprio homem passa a cooperar com aquele que exerce o controle ou até mesmo com o seu próprio controle. As pessoas gostam de elas mesmas exercer tal vigilância e colaborar para que ela seja exercida. Isso caracteriza a vontade de potência do indivíduo. O Estado, portanto, passa a ter menos importância do que o estado em Hobbes, uma vez que existem outras instituições de poder e a própria população colabora com a vigilância.
Foucaut ainda fala que nas sociedades mais antigas, a morte não era vista como um tabu, pelo contrário, fazia parte da vida das pessoas. Os difuntos muitas vezes eram enterrados no quintal da casa da família e aconteciam mortes em praça pública. Seria o "Fazer morrer, deixar viver" de Hobbes. Porém, na sociedade contemporânea (de controle), a morte se tornou um tabu e adquire uma estrutura racional, amenizada por eufemismos e evitada o máximo possível. Foucaut caracteriza essa época pela Biopolítica, ou seja, a política de incentivo e preservação da vida. É o "Fazer viver, deixar morrer". A vida deve ser priorizada, potencializada. Entretanto, existe a guerra. Foucaut explica esse paradoxo com a Biopolítica na sociedade de controle, ou seja, a preservação da vida de alguns, e não se todos. Declara-se guerra a quem ameaça a preservação da vida de quem tem que viver. Carl von Clauzevitz diria que "A guerra é a política continuada por outros meios". Já Foucaut, diz, em contrapartida, que "A política é a guerra continuada por outros meios". Foucaut acreditava que a guerra era algo natural do homem.
A Biopolítica, nesse sentido, caracteriza a sociedade capitalista, a competição constante pela vida. O Estado biopolítico mantém o capitalismo pelo poder de controle da sociedade, buscando preservar a vida daqueles que são úteis e não dando grande importância para aqueles que não são.