quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ideias Maquiavélicas ... e Hobbesianas

Ditadores ao longo do curso histórico governaram influenciados por conceitos nas obras de Maquiavel e Hobbes. Ambos os autores dialogam sobre o sentido de soberania, e porque ela pode e deve ser atribuída a um único homem. Ao analisar a história, fica claro que as obras desses dois autores serviram e muito como base para a ação de muitos desses homens no papel de moderador da sociedade. Esse texto, então, opta pela análise sob a figura do ex-presidente brasileiro Getúlio Vargas, expondo como o próprio utilizou tantos desses conceitos desde o começo do seu mandato.

Logo que atingiu o poder pelo golpe na revolução de outubro de 1930, Vargas se deparou com diversos dilemas oriundos daquilo que Maquiavel define como ‘’fortuna’’, ou seja, as circunstâncias de um contexto real definido por detalhes específicos, dadas ao homem para que este aja frente a ela. O ex-presidente lidou com tal fortuna com extrema “virtuosidade”, a qual Maquiavel define como a habilidade de reagir diante dessa fortuna. Então, ao mesmo tempo em que investiu como nunca antes na oprimida indústria brasileira, soube agradar os interesses da derrotada classe cafeicultora, pois tinha ciência da importância política e econômica das oligarquias para o cenário nacional.Uma de suas inovações foi a criação de leis trabalhistas, afirmando sua política paternalista, sendo segundo Maquiavel a base principal de todos os Estados boas leis e bons exércitos,como descreve em sua obra “O Principe”.

Quando a fortuna lhe foi mais exigente e severa, como na resistência paulista frente a ausência de uma constituição nacional, o que culminou na revolução de 1932, Vargas não teve dúvida de que era necessário o desperdício de algumas vidas diante da ameaça da manutenção de seu poder. Populista, sabia o quanto era importante o amor do povo para a sua figura, mas assim como defendia Maquiavel quando este dizia que entre ser amado e temido, mais vale aquela alternativa que garanta seu poder. Desfecho da História: Revolução cessada, poder prorrogado e estabilidade de volta ao seu governo.

Por isso que é certo dizer que a conduta de Vargas tenha sido influenciada por ideias maquiavélicas. Mas além de Maquiavel, outro autor que muito influenciou ditaduras, como influenciou a própria ditadura de Vargas, foi Thomas Hobbes.

A busca pela ordem e pelo “desenvolvimento material e intelectual” da sociedade, como Hobbes aclamava, justificava a soberania de Vargas não só para o próprio, mas como também para significativa parcela da população brasileira. Um legítimo contratualista, assim como o pioneiro Hobbes: a sociedade sob um contrato e o Estado a fim de otimizar essa sociedade. Possuía então pleno poder sobre a vida e a morte dos brasileiros, pois servia como o grande condutor da engrenagem econômica brasileira, antes tão primitiva, o que legimitou seu poder por tantos anos. Sob conceitos como este que o Estado Novo fora instaurado: Poder ilimitado do soberano, a manutenção da ordem em busca da estabilidade dos governados, que viam sua vida e liberdade subordinada a esses interesses, como bem exemplifica a seguinte afirmação:

“O Estado Novo não reconhece direitos de indivíduos contra a coletividade. Os indivíduos não têm direitos, têm deveres! Os direitos pertencem à coletividade! O Estado, sobrepondo-se à luta de interesses, garante os direitos da coletividade e faz cumprir os deveres para com ela!”- Getulio Vargas.

Getúlio então fora realmente um belo exemplo dos ensinamentos maquiavélicos e Hobbesianos. Estes teriam orgulho em saber, que utilizando muito desses ensinamentos, seu poder tenha conseguido se manter por muito tempo, o que para eles é um grande objetivo. Só perdeu completamente esse poder em 1954, quando sem suportar a pressão pelo declínio de sua liderança tirou sua própria vida.
Durante seu legado o Brasil cresceu economicamente, o Estado ficou mais forte, e Vargas fora muito importante para o desenvolvimento infra-estrutural da nação verde e amarela, que não teria seguido o rumo q tomou sem seu governo.Ele buscou a ordem e a estabilidade, as quais estão de acordo com o pensamento de Maquiavel,cujo preocupava-se exclusivamente com o Estado e sua manutenção ,portanto para tal objetivo, os fins justificariam os meios.Portanto muitas atitudes repressoras do ex-presidente podem ser justificadas sob concepções maquiavélicas e hobbesianas ao modo que esses enxergavam a necessidade do Estado pra manter a ordem : um Estado tirânico e ditatorial é melhor do que sua ausência .O que se pode dizer com certeza é que ideais como estes continuam vivos na mente de muitos governantes, o que preocupa a vida em alguns países, como os próprios nem tentam esconder.

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