quarta-feira, 6 de abril de 2011

Para a política, o bem-comum é a ordem?

Camilla Lopes

A política está diretamente atrelada ao poder, já concordaria Hobbes. E o poder, por sua vez,é o meio de chegar ao fim, a uma vantagem específica. Em outras palavras, é a maneira com a qual um indivíduo impõe sua vontade sobre o outro, este último não concordando com o primeiro.
Bobbi afirma que o fim mínimo da política é a ordem, ligada de certa forma ao bem-comum. Penso, no entanto, que se é por meio da política que se tem poder sobre o outro, que se impõe uma desilgualdade de opiniões, relacionar a ordem com o bem-comum é algo relativo. Um governo despótico, por exemplo, visa estreitamente a ordem, pensando talvez no bem-comum, mas poucas vezes o alcançando. A democracia, contrária na ideologia mas não muito diferente no assunto discutido neste texto, tem como objetivo a opinião do povo sobre o seu representante, escolhido exatamente para impor a ordem, mas que pode ser falho também pela divergência de opiniões. Quando pensamos em Estado, esquecemos muitas vezes que ele é composto por pessoas e influências externas, históricas, e não o Estado em si. Acredito que grande parte dos regimes políticos que sobem ao poder visam, sim, a ordem e o bem-estar social, podendo até alcançar uma boa parte da sociedade, mas nunca inteira. A ordem pode ser estabelecida por completo, mas não garante que o bem-estar vai atingir toda a população. Até porque, o que seria exatamente a ordem? Não seria algo relativo, que parte da visão de cada um?

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